quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Os Covers dos Beatles: Malks, Os Mísseis, Os Bravos, Manifesto, Tokeloko e Traveling Past Band

"Os Malks", primeiro grupo cover dos The Beatles, de Canoas, em 1965, tinha esse primeira formação: Cézar Zica (bateria), Aérnio Penteado, o Zé (base), Paulo Armando Venhofen, o Paulinho (baixo) e Davi Garcia Neto (solo). 
"Os Mísseis", segundo nome da banda cover dos The Beatles, em 1968, que se apresentou no Canoas Tênis Clube, tinha a seguinte formação: Aérnio Penteado (o Zé), Paulo Armando Venhofen (o Paulinho), Luiz CArlos Venhofen e Davi Garcia Neto.
Tudo teve início nos final do ano de 1965, início do verão, quando Paulo Armando Venhofen, seu irmão Luiz Carlos e um vizinho da Rua Silva Paes, em Canoas, estavam sentados e recostados num muro, enqunto uma vizinha escutava em seu quarto, a todo volume, um disco dos The Beatles. Nunca me esqueço, revela Paulinho Venhofen, a música que ela ouvia: "A Hard Day´s Night". Se aproximaram do quarto da jovem, que logo apareceu dizendo, como que premonizando: "Olha aí gurizada! Isso é que vocês dev em fazer. Montar um conjunto e tocar essas músicas". A jovem passava o dia inteiro ouvindo aquele disco e repetia: "Eles (The Beatles) são demais!".


"Apartir daquele dia passamos a nos interessar na possibilidade de montar um conjunto. Assim, começamos a buscar informações em revistas, jornais e nos discos, o que era muito mais difícil", revela o Paulinho. "Devido a esse interesse, dessa procura, acabamos encontrando uma pessoa que muito nos ajudou: era o Plauto Paim, que já tocava na banda "Os Eremitas" com seu irmão o Bibica. Acho que essa foi a primeira banda de rock de Canoas, pois me lembro que eles tocavam na Casa de Chá São Luiz", então na Galeria São Luiz, a primeira de Canoas (a casa pertencia à família Ghisleni, que morava na rua Vasco da Gama e quem geralmente atendia o pessoal era o filho Sérgio, que mais se dava com a gurizada da época).


Decidido, Paulinho buscou amigos que sabiam ou tinham vontade de tocar algum instrumento, como bateria, baixo, solo, base e sem muita delonga tudo foi resolvido, pois procuraram em cada um dos integrantes da nova bada a boa vontade, a determinação e quem tinha mais facilidade de aprender um determinado instrumento. Assim, ficou decidido: o Davi Garcia Neto seria o solista, Paulinho o baixista, Luis Carlos Venhofen o baterista, mas faltava o guitarra-base. E assim descobriram outro vizinho, o Aérnio Penteado, ou Zé Aérnio. Falta, então, a aquisição dos instrumentos, e naquele tempo não tinha as facilidades de mercado que existem hoje, especialmente em Canoas, onde não havia uma só loja de equipamentos musicais. Descobriram que na rua Alberto Bins, em Porto Alegre havia a loja "A Marocke" e quem os atendeu foi um rapaz de nome Carlinhos, também músico, que juntamente com o Mitch Marini Gelson Schneider formavam a banda "O Bizarro". No bairro Partenon também encontraram uma fábrica de guitarras "Mil Sons", que depois passou a se chamar "Martins Sons", cujo dono era o "seu" Adão que lhes fez bom preço. Mesmo com instrumentos sem a melhor qualidade técnica, mas compatível com os recusos do grupo, já que os Gianini, Sonelli, Beger, Phelpa, etc, eram superiores, inclusive no preço. Mas como a vontade de tocar era tanta e a grana curta, toparam ficar com os instrumentos da "Mil Sons", pois assim já podiam começar os ensaios, já que a vontade de tocar era quase que incontrolável. Fizeram aulas práticas com o amigo e professor Plaulo Paim que, de imediato, ensinou-lhes três músicas básicas, e só soladas. Ensaiavam todos os dias, assim o grupo ficou tão afinado que logo começaram a participar de eventos.


O Plauto Paim organizava, no Colégio Maria Auxiliadora, ou "Colégio das Freiras" como também era conhecido, uma reunião-dançante com música ao vivo. Coisa rara até então - uma quebra de tabu -, pois que na maioria dos casos esse tipo de festa jovem eram realizadas nas salas das residências ou nas garagens e com toca-disco ou vitrola, que rodava somente os "bolachões" ou CDs de vinil. Além de "Os Malks", que muitos confundiam com "Os Mísseis", nome esse que só foi adotado pelo grupo tempos depois, tocaria na dita reunião "Os Eremitas" do próprio Plauto Paim, esse, provavelmente, o primeiro conjunto de rock que surgiu em Canoas; "Os Mugs" dos irmãos Celso e João Carlos Orsi, e "Os Cabeludos de Esteio", já que a banda esteiense, liderada pelo Índio, não tinha ainda sido batizada com um nome.


Antes de "Os Malks" se apresentarem para um grande público, como foi o da reunião-dançante do "Colégio das Freiras", eles já haviam tocado em festinhas de aniversários na vizinhança e para parentes, inclusive no aniversário do primo do Davi Garcia, um dos integrantes do conjunto, o Anaulpa, irmão do Ajax. A festa, conforme os comentários, bombou ainda que com um repertório de apenas 15 músicas, basicamente de Os Incríveis, The Jet Blacks e The Jordans, conjuntos nacionais de grande sucesso à época, e principalmente músicas do grupo estadunidense The Ventures, formada em 1958 e que gravou "Hawaii 5-0", que virou trilha sonora de um seriado policial norte-americano com o mesmo nome e que ficou no ar por 12 temporadas, de 1968 a 1980. Muito dos então jovens dos anos 60 hão de lembrar, naturalmente. O sucesso foi óbvio, pois tudo era novidade: o som, as guitarras e tudo ao vivo. E o esquema para que a festa não acabasse logo, naturalmente, primeiro se apresentava "Os Malks" com seu pequeno repetório, no intermezzo som na vitrola com os "bolachões rodando na eletrola e no final voltava o grupo com interpretações ao vivo e o mesmo repertório. Ninguém estranhava e nem achava ruim porque era tudo novidade ... e da boa.


Um detalhe que é importante ressaltar: se observarem bem nas fotos as roupas com que os jovens se vestiam no anos dourados e diamantinos, e não havia calças jeans ou brim coringa, essa fabricada pela da São Paulo Alpargatas, geralmente na cor cáqui. O brim coringa virou uma quase coqueluche por ser resistente, pois até mesmo os uniformes da maioria dos colégios, para os meninos, usavam o brim coringa na cor cáqui como uniforme. Assim, o Externato São Luiz (com Z mesmo), a camisa azul marinho com o dístico no centro do peito e calças de brim na cor cáqui. O mesmo era usado pelo colégio Estadual Marechal Rondon, só que a camisa era branca, se não me falha a memória de tergal. Foi uma época em que todos, inclusive os jovens, usavam roupas talhadas por alfaiates ou calças e camisas compradas em lojas de pret-à-porter, porém de tecidos diversos. E até mesmo em dias de semana andavam de terno e gravata e os sapatos mais limpos possível e brilhantes. Muitos optavam pelo sapato de verniz que não exigia tanto esmero e zelo, porque mantinha automaticamente o brilho ... e o capricho. Era chique e revelava capricho, coisa que as meninas da época - hoje são tratadas de minas - observavam nos menores detalhes. Então, para uma paquera ou uma conquista ou até mesmo merecer a atenção das garotas, estar aprumado era indispensável. Fazia parte da etiqueta masculina na época.
1966 - O grupo que assustiu os "covers" dos The Beatles surgirem em Canoas: Vera Sienko, Paulo, Sérgio, Rosane, Paulo Armando Venhofen (o Paulinho), Gi, Marisa, Davi Garcia Neto e Luiz Carlos Venhofen, em Canoas.
Bem, resumindo "Os Malks", que no letão diz ser "golada" ou "bocado, mordisco, sorbo, trago"; mesmo sem o baterista original Luiz Carlos Venhofen, mas improvisado com o Cézar Zica, colega do Externato São Luiz ou "Colégio dos Padres" como era chamado pela grande maioria do alunos e não-alunos, fez o maior sucesso, tanto entre os estudants do "Colégio dos Padres" e especialmente entre as meninas do Colégio Auxiliadora. Dos ensaios para esse evento ficou apenas uma foto como registro, solicitada pela dona Érica Penteado, mãe do Zé Aérnio, mas que não temos para fazer, aqui, o devido registro histórico.
Pois, naquele tempo dos anos dourados e diamantinos, mesmo nas reuniões em casa de famílias, havia a preocupação, tanto dos rapazes como das meninas, de uma boa e discreta produção. Era raro se ver algum rapaz numa festa dessas, ou mesmo tempos depois nas "soiréss-dançantes" nos clubes, sem estarem corretamente trajados de terno e gravata e os sapatos devidamente polidos, brilhando, enquanto as garotas, com maior discrição ainda, se produziam que o que havia como o "dernier cri" ou o "último grito" na moda. E tempos depois já adotando a tão combatida e rejeitada, pelos pais, "mini-saia". Os penteados, ainda que hoje possam parecer caretas, absolutamente fora de moda, era um dos detalhes que as meninas mais se preocupavam. E aí a preparação com bobs e depois dê-lhe laquê prá garantir o penteado até o final da festa, enquanto que no rosto o ruge e batom, que davam um realce de mais sensualidade às já sensuais garotas. Na reunião, era rotineiro se ver a maioria dos jovens tímidos, à espreita de uma oportunidade para dançar com a garota eleita por cada um dos rapagões, que formavam como que um círculo à beira da pista à espera da tão sonhada oportunidade de poderem dançar, de rosto colado, obviamente, mesmo que sob os constantes e vigilantes olhares das mães.
"Os Mísseis": Paulo ARmando VEnhofen (o Paulinho), Aérnio Penteado (o Z´r) e Davi Garcia Neto.
"Os Mísseis": Jacaré, Grego, Paulinho Venhofen e Norberto de Carli e ao centro o craque Paulo Roberto Falcão, que anos depois, a parir de 1983, viria a se tornar, além de um dos maiores ídolos do Sport Club Internacional e do Brasil,  "L´ottavo Rè di Roma".
* Para ampliar as fotos basta um click sobre as mesmas.
** Contatos via e-mail: la-stampa@ig.com.br

4 comentários:

  1. SEM COMENTARIOS,SO RESTAM MUITA SAUDADE DESTA ÉPOCA MARAVILHOSA. É PENA A GENTE FICAR VELHO E TER QUE CONFORMAR COM ISSO. QUEM NASCEU NESTA ÉPOCA ANOS 60 70 80 PODE DIZER QUE VIVEU. TENHO DÓ DESTA JUVENTUDE DE HOJE,VÃO TER QUE PESQUIZAR MUITO DISCO DE VINIL SE QUIZER CONHECER MUSICA DE FATO. SEM MAIS, LAURO PORTO BRITO,COLECIONADOR DE VINIL.

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  2. Foi importante a sua participação e comentário, Paulo Porto Brito. Esse tem sido o nosso objetivo: resgatar para que a juventude de hoje e amanhã possam encontrar as suas raízes. Breve estaremos publicando - acredito que um trabalho inédito no conjunto da obra - também um livro e um slideshow (sonorizado somente com grupos e cantores aqui da terrinha) como documentos históricos.

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  3. Sou sobrinha dos "Venhofen", e me emocionei mto ao ler o post. Obrigada pelo trabalho do blog, é mto bacana!!!

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  4. Oi, Melissa!

    Obrigado pela mensagem. E visite sempre, inclusive os outros blogs. Tam o "XICO JÚNIOR E O FUTEBOL DE CANOAS" onde também aparece o Paulinho Venhofen. Vale uma visita.

    A GRANDE NOVIDADE: Em breve estará sendo publicado um livro de resgate somente sobre Orquestra de Camara, Coral, Conjuntos Musicias e cantores e cantoras de Canoas, natos e adotivos, além de um slideshow sonorizado só com músicas gravadas com conjuntos ou cantores de Canoas.

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